Juma a primogênita felina, 23 anos.
Hoje a Juma estaria completando vinte e três anos de idade. Quando ela entrou em minha vida eu não tinha a mínima intenção de ter gatos, pois achava que gatos não combinam com apartamento.
Tinha em minha mente as lembranças dos gatos da minha tenra infância, minhas lembranças eram (e são) bastante fragmentadas, pois eu era muito criança. Lembro-me que acordei certa noite com minha gata miando desesperadamente e uma porção de vizinhos tentando tirar seu filhote que havia caído no fosso de um banheiro de quintal.
Lembro-me que eu chorava copiosamente com minha gatinha no colo, essas lembranças são tão fragmentadas que não consigo lembrar-me da cor da gata e tampouco do (s) filhote (s).
As lembranças que tenho é que pegava as poucas roupas que tinha para pôr na caixa onde ela dormia com seus filhotes, acho que me lembro desse detalhe por que muitas vezes apanhei com causa disso.
Não consigo recordar como meus gatos morreram (todos), só sei que desapareciam, hoje sei o motivo, porém, naquela época nada disso se levava em conta.
Eles viviam livres, porém, viviam muito pouco, desde sempre a maldade mora no coração dos homens.
Por essas lembranças nunca quis ter um gato, apesar de ser apaixonada por eles.
Próximo do meu apartamento havia uma praça cheia de gatos, na Praça Roosevelt havia um supermercado, então cada vez que ia ao supermercado me deliciava em brincar com eles, comprava ração e ficava horas com eles, havia um grupo que cuidava deles e sempre que podia os ajudava.
No entanto, a Juma apareceu do outro lado da cidade e o destino encarregou-se de colocá-la em meu caminho, eu a salvei, mas não tinha a mínima intenção de adotá-la, mas a vida tem seus propósitos, muitas vezes abençoados propósitos, e dessa maneira passaram-se vinte e três anos.
Como já falei dezenas de vezes ela foi minha primeira grande mestra, me deu a oportunidade de me tornar uma pessoa melhor, lapidou em mim o amor que estava escondido no mais profundo da minha alma.
Fez-me olhar para todos os animais com a mesma compaixão e amor que olhava para ela e seus irmãos.
Depois desse dia vieram mais nove gatos para me ajudar neste aprendizado tão complexo e desafiador chamado vida. Além de tantos outros que foram encaminhados a lares, onde receberam amor e carinho.
Porém, meus companheiros de jornada foram nove, dos quais seis já estão com ela do outro lado da vida, assim espero.
O nove é um número singular, estou vivendo a energia desse número desde a chegada do Júpiter, ele é o nono, a Juma nasceu dia 09-09 e numerologicamente seu nome possui a vibração do nove.
A Juma era quase humana, chego a conclusão que ela era mais humana que a maioria dos humanos que conheço, cuidava de mim e de seus irmãos, era literalmente nosso anjo da guarda.
Juma, minha pretinha esteja onde você estiver neste imenso Cosmos, estaremos sempre juntas e minha gratidão a você é eterna.
Gratidão.
Juma,
“Diante da vastidão do tempo e da imensidão do universo, (foi) é um imenso prazer para mim dividir um planeta e uma época com você.”
Carl Sagan
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