sábado, outubro 06, 2018

Brasil, nossa pátria


Brasil, um sonho intenso, um raio vívido,
De amor e de esperança à terra desce,

(...) Deitado eternamente em berço esplêndido,
Ao som do mar e à luz do céu profundo ...

domingo, setembro 09, 2018

Juma a primogênita felina, 23 anos.

Juma a primogênita felina, 23 anos.

Hoje a Juma estaria completando vinte e três anos de idade. Quando ela entrou em minha vida eu não tinha a mínima intenção de ter gatos, pois achava que gatos não combinam com apartamento.

Tinha em minha mente as lembranças dos gatos da minha tenra infância, minhas lembranças eram (e são) bastante fragmentadas, pois eu era muito criança. Lembro-me que acordei certa noite com minha gata miando desesperadamente e uma porção de vizinhos tentando tirar seu filhote que havia caído no fosso de um banheiro de quintal.

Lembro-me que eu chorava copiosamente com minha gatinha no colo, essas lembranças são tão fragmentadas que não consigo lembrar-me da cor da gata e tampouco do (s) filhote (s).

As lembranças que tenho é que pegava as poucas roupas que tinha para pôr na caixa onde ela dormia com seus filhotes, acho que me lembro desse detalhe por que muitas vezes apanhei com causa disso.

Não consigo recordar como meus gatos morreram (todos), só sei que desapareciam, hoje sei o motivo, porém, naquela época nada disso se levava em conta.
Eles viviam livres, porém, viviam muito pouco, desde sempre a maldade mora no coração dos homens.

Por essas lembranças nunca quis ter um gato, apesar de ser apaixonada por eles.

Próximo do meu apartamento havia uma praça cheia de gatos, na Praça Roosevelt havia um supermercado, então cada vez que ia ao supermercado me deliciava em brincar com eles, comprava ração e ficava horas com eles, havia um grupo que cuidava deles e sempre que podia os ajudava.

No entanto, a Juma apareceu do outro lado da cidade e o destino encarregou-se de colocá-la em meu caminho, eu a salvei, mas não tinha a mínima intenção de adotá-la, mas a vida tem seus propósitos, muitas vezes abençoados propósitos, e dessa maneira passaram-se vinte e três anos.

Como já falei dezenas de vezes ela foi minha primeira grande mestra, me deu a oportunidade de me tornar uma pessoa melhor, lapidou em mim o amor que estava escondido no mais profundo da minha alma.

Fez-me olhar para todos os animais com a mesma compaixão e amor que olhava para ela e seus irmãos.

Depois desse dia vieram mais nove gatos para me ajudar neste aprendizado tão complexo e desafiador chamado vida. Além de tantos outros que foram encaminhados a lares, onde receberam amor e carinho.

Porém, meus companheiros de jornada foram nove, dos quais seis já estão com ela do outro lado da vida, assim espero.

O nove é um número singular, estou vivendo a energia desse número desde a chegada do Júpiter, ele é o nono, a Juma nasceu dia 09-09 e numerologicamente seu nome possui a vibração do nove.

A Juma era quase humana, chego a conclusão que ela era mais humana que a maioria dos humanos que conheço, cuidava de mim e de seus irmãos, era literalmente nosso anjo da guarda.

Juma, minha pretinha esteja onde você estiver neste imenso Cosmos, estaremos sempre juntas e minha gratidão a você é eterna.
Gratidão.

Juma,
“Diante da vastidão do tempo e da imensidão do universo, (foi) é um imenso prazer para mim dividir um planeta e uma época com você.”
Carl Sagan

sexta-feira, setembro 07, 2018

FELIZ ANIVERSÁRIO RAPHAEL E LYSNEL

Raphael
Lysnel


FELIZ ANIVERSÁRIO RAPHAEL E LYSNEL

Sete anos, hoje o Raphael está completando sete anos, a Lysnel deve ter uns oito meses mais que ele. Neste aniversário falta um falta o Antuak que se foi tão breve, mas apesar da lacuna na comemoração me sinto agradecida por o Raphael e a Lysnel estarem bem de saúde. Na semana que vem o Raphael terá retorno ao veterinário, acredito que o perigo já passou.

A cada aniversário voltam as lembranças do dia do resgate, mas no momento em que estamos vivendo, quero só me lembrar dos bons momentos, da alegria em tê-los comigo nesses sete anos, uma partilha de amor, dedicação e gratidão.

O Raphael era muito arredio, mas com o passar dos anos foi desabrochando e hoje sabe pedir colo, exige carinho e se tornou parecido com o Antuak que era todo meigo e se dava com todos. Apesar de receberem poucas visitas notava-se que o Antuak ficava feliz com a novidade.

O Raphael era um filhote lindo e não era tão arredio, foi ficando com o passar do tempo, é muito bom lembrar-se deles correndo, brincando e encantando minha vida.
O Gabriel García Márquez tem razão quando disse:
“A vida não é o que a gente viveu, e sim o que se lembra e como se lembra para contá-la.”

A Lysnel sempre foi uma supermãe, mas aconteceu alguma coisa há uns três anos que a assustou, depois disso passou a brigar com os filhos em especial com o Raphael, pensei até em separar o quarto e deixar o Antuak e o Raphael de um lado e ela do outro. Tudo indica que foi por causa do aparecimento de um gato no quintal, acredito que ficaram assustados e de alguma maneira ou o Raphael a machucou ou ela mesma, pois quando cheguei lá estavam todos assustados e a Lysnel tinha um machucado próximo do olho.

Estavam tão estressados que tive que dormir com eles, e desse dia ela passou a brigar com o Raphael, interessante é que, se ela vier ficar com ele tudo bem, mas em geral ela briga com ele se ele se aproxima em especial se for de maneira abrupta.

Com a partida do Antuak eles se aproximaram muito no início, e até hoje sinto que eles sentem muita falta dele em especial o Raphael.

❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️

Raphael e Lysnel
“Começaria tudo outra vez se preciso fosse, meu(s) amor(es).” Gonzaguinha

🐾🐾🐾🐾🐾🐾🐾🐾🐾

Feliz aniversário criONÇAS do meu coração.
Feliz aniversário Josie e Lis (adotados)

Antuak 7 anos

Tirei essa foto quando o Antuak fez um ano de idade, estava no seu vigor, parece que sabia que estava acontecendo algo especial, pois brincou correu, subiu na tela da janela e eu desesperada dela se soltar, pois era mal colocada.

Boas lembranças, comprei um patê diferente e para minha surpresa o Antuak que devorava tudo de diferente não gostou, já o Raphael e Lysnel que eram mais exigentes adoraram. Toca eu correr em casa para buscar o que ele gostava.

É meu pequeno Antuak, hoje você não está aqui para comemorar seu aniversário, você faria sete anos, mas a roda da vida tem sua forma de girar, mesmo não entendendo, hoje me sinto mais tranquila, pois deve haver um mundo onde você está e me vê, nem que esse mundo seja o que meu coração acredita e sonha, não faz diferença se há de fato, você existe em um mundo que é somente nosso, meu coração.

Para se amar não há necessidade de se estar fisicamente junto, o coração e a mente possui o poder de fazer tudo ser agora, ser presente e você se faz presente em todos os dias da minha vida.

Amo você demais...

❤️💔💔❤️💔❤️💔❤️💔❤️💔

"Aquilo que está escrito no coração não necessita de agendas porque a gente não esquece. O que a memória ama fica eterno."
Rubem Alves

quarta-feira, agosto 08, 2018

DIA MUNDIAL DO GATO

DIA MUNDIAL DOS GATOS.
Amara Antara

Os gatos já foram amados, odiados, considerados deuses, “bruxos”, curadores, maléficos, poucos animais foram tão amados ou tão odiados quanto os gatos.
Para mim eles são curadores, “bruxos”, deuses, luzes no caminho de quem os acolhe, os ama e lhes deixam viver. O lema dos gatos em seu modo de ser, viver e se comportar é: Viva e deixe viver.

Tenho um amor tão profundo por eles que não sei nem me expressar, eu os tenho como companheiros desde a tenra infância, mas pelas voltas que o mundo dá nos separamos por duas décadas, e eis que novamente na maturidade dos anos, na maturidade da vida tal qual na infância os tenho como companheiros de jornada.

Sei que enquanto minha jornada se fizer necessária aqui neste Planeta não vamos nos separar jamais, acredito que vamos continuar juntos além daqui, “além da vida”, eles são mágicos e sua magia de paz, tranquilidade, individualidade e companheirismo desinteressado se perpetuarão rumo a eternidade eterna.

Não estou falando dos que passaram pela minha vida e se foram, estou falando daqueles que nunca meus olhos os viram, mas minha alma sempre está junto de todos, especialmente por aqueles abandonados pela falta de sensibilidade e compaixão dos chamados humanos.

Cada vez que afago os que estão ao meu lado penso: que esse afago que estou fazendo em você vá para cada gato abandonado neste mundo (animais), para cada mãezinha que está trazendo seus filhotes ao mundo, as que têm uma família ou não, que meu amor se estenda a cada gato deste Planeta não importa onde esteja.

Feliz do ser humano que tem a honra de ter um gato como companheiro de jornada.

domingo, junho 24, 2018

Segunda-feira

"Segunda-feira é mais difícil porque é sempre a tentativa do começo de vida nova. Façamos cada domingo de noite um réveillon modesto, pois se meia noite de domingo não é começo de Ano Novo é começo de semana nova, o que significa fazer planos e fabricar sonhos."
Clarice Lispector  

quinta-feira, maio 24, 2018

FELIZ ANIVERSÁRIO JÚPITER


 FELIZ ANIVERSÁRIO JÚPITER

E um ano se passou, desde aquela noite fria que o encontrei miando e assustado naquele barranco de uma movimentada avenida.

Foram momentos de angústia para pegá-lo, mas quando o aninhei em meus braços nos reconhecemos, ele se aconchegou e ficou quietinho ouvindo o tique-taque do meu coração.

Naquele momento mágico ele deve ter sentido que aquele coração estava gravemente ferido com tantas perdas, “sentiu” que suas batidas estavam fora do ritmo natural e se dispôs a curá-lo.

Porém, a vida nos testa até o ultimo instante e quase que ele não pode completar  o “trabalho” que veio fazer em mim e assustados e chorando dizemos adeus, um breve momento e já estávamos nos despedindo, mas a vida tem seus mistérios, minutos depois caímos um nos braços do outro novamente.

Eu o segurava como um valioso diamante, e o acariciava dizendo emocionada, - nunca mais vão maltratá-lo, não tenha medo, vou cuidar de você enquanto eu viver e murmurava você é meu presente, você é meu presente.

Como uma frágil vida pode trazer tanta força, tanta paz e ser um doador de cura com seu ronronar de amor, gratidão e paz?

É, meu pequeno Júpiter, você chegou como o Planeta que lhe emprestei o nome, chegou grandioso e brilhante, e me curou não só das dores emocionais e físicas, como trouxe nova esperança para uma alma cansada de tantas perdas, de ver tanto sofrimento.

Você chegou como uma tocha de luz para iluminar a escuridão da minha alma, você me conhecia, sabia como me aconchegar em seu peito, apesar de caber em minhas mãos, tinha uma força que foge aos conceitos normais do que seja força.

Quando você deitou-se coladinho em meu rosto e ronronou, ronronou, fui me acalmando, sentindo-me leve e toda angústia acumulada há tantos anos dissolveu-se como mágica, você cuidou de mim a noite toda e ao amanhecer eu me sentia outra, algo havia acontecido, e eu não sabia avaliar, hoje eu sei o que aconteceu com mais clareza.

Você é diferente, é a soma de todos os companheiros de jornada felinos que tive e ao mesmo tempo é único, parece que veio com uma missão especial para me ajudar a deixar o “velho” e restaurar a paz, a serenidade e o equilíbrio.
Durante anos me recolhia diariamente em silêncio e me sintonizava com o Cosmos, com o passar do tempo perdi essa calma interior, pois minha alma estava sempre agitada demais para fazer minha mente silenciar.

Voltei a me centrar na “Fonte” e você é meu companheiro nessa nova caminhada, assim como a Juma o fazia.

Apesar de você e a Juma serem muito diferentes, percebo que vocês são meus mestres, ela foi a iniciadora de tudo e você representa o reinício de um novo momento da minha vida, inícios e reinícios vindos de almas felinas, de almas de amor puro e cristalino, de almas de companheirismo e paz.

Às vezes fico pensando se de fato existem crianças índigo, cristal etc., existe uma nova geração de animais com essas qualidades mais afloradas, acredito que, vocês é que são os anjos na Terra, vocês veem para nos proteger e para percebermos que o amor incondicional é possível de ser vivido por nós seres humanos, o Universo nos envia os animais para que possamos aprender com eles que podemos amar sem interesses, apenas amar, ser o amor e viver no amor por todas as formas de vida.

Tive nove gatos na idade adulta como companheiros de jornada e todos me ensinaram a nobre arte de amar, aprendi muito com eles e continuo aprendendo, e nessa altura da minha caminhada por esse mundo, continuo tentando pôr em prática tudo que eles me ensinaram.

Até como conviver com os seres humanos, os felinos são os animais que mais respeitam o “livre arbítrio” dos homens, eles vivem e deixam viver.

Os felinos não atropelam as pessoas e mesmo aos outros felinos, eles os deixam ir embora, e se mantêm silenciosamente e em paz em seu caminho.

Hoje deixei amarras com pessoas e coisas, assim como os felinos, se a energia não se sintoniza com a minha, seguimos caminhos distintos, mas sem mágoas, ressentimentos ou tristeza.

Gratidão Júpiter, por fazer parte do novo momento da minha vida, é muito bom ter sua pata segurando a minha mão e poder estar com você em seu primeiro aniversário.

Como falei no dia que o encontrei. “Eu o salvei, mas antes de tudo fui salva por ele.
Feliz aniversário, que possamos estar juntos por muitos anos.


Você é assim
Um sonho pra mim
E quando eu não te vejo
Eu penso em você
Desde o amanhecer
Até quando eu me deito

Eu gosto de você
E gosto de ficar com você
Meu riso  é tão feliz contigo
O meu melhor amigo
É o meu amor (...)
Marisa Monte



Feliz aniversário Júpiter

quinta-feira, fevereiro 01, 2018

ANTUAK IN MEMORIAM


ANTUAK IN MEMORIAM

Madrugada de lua cheia, a lua brilhava intensamente no firmamento, enquanto na Terra a mais bela e brilhante estrela se apagava, um olhar que outrora brilhou com o tom mais lindo e delicado de um imenso céu azul.

Pela manhã ainda deitada no chão ao seu lado, lhe falei de todo meu amor, mas que não queria que sofresse mais, que estava livre para partir, que eu daria qualquer coisa para que sua saúde fosse restaurada eu sabia que seria quase impossível, mas sempre temos esperança.

Ele me olhou levantou levemente o corpo e caiu na cama.

O embrulhei em um cobertor e caminhei pelo quintal conversando com ele, lhe contei meus sonhos mais profundos, como queria poder tê-lo visto correndo pelo quintal livre e feliz juntamente com seus irmãos.

Com ele ainda no colo sentei-me na varanda e fiquei relembrando o primeiro dia que os vi, das incertezas se eles iriam ter um bom lar com amor e segurança.

Estava com um mês de vida um dia cheguei no quartinho ele estava encolhidinho em um canto, achei que não ia sobreviver, tinha um problema nos olhos que mesmo tentando tudo não sarava, entrei em desespero da possibilidade de vê-lo partir, mas cadê dinheiro para ajuda-lo, saí correndo atrás de um veterinário, como pagar? Depois eu vejo agora ele precisava de tratamento, e ele teve, foram dias de angústia e medo, eu olhava para os lindos e límpidos olhos azuis do Raphael e sonhava com os olhos do Antuak tão lindos e penetrantes quanto os do irmão.

E meus sonhos realizaram-se, ele tinha o olhar mais encantador e brilhante de que todos os gatos que tive.

Porém, hoje essa luz se apagou na Terra, mas vai permanecer brilhando em meu coração, em meu pensamento e na minh’alma.

Neste dia final passamos um dia relativamente calmo, toda hora ia virá-lo para não ficar muito tempo na mesma posição, conversava com ele, estava imóvel, o corpo não se movia parecia uma boneca de pano tinha que pegá-lo com cuidado, parecia que não tinha ossos.

Mas ao segurar em suas patinhas, ele abria as unhas e segurava meus dedos, estava consciente o tempo todo, quando lhe fazia carinho levantava a cabecinha para eu coçar seu pescoço e a testa, ele sempre adorou isso, quando acariciava sua testa fechava os olhinhos delicadamente, em geral estavam sempre abertos nos últimos dois dias.

No dia anterior ainda se alimentou através de uma sonda, porém, vomitou tudo com sangue horas depois, foram momentos de desespero incertezas e certeza que o fim estava próximo.

Durante todos esses dias dormimos no chão, forrava o quarto com edredons para que não tomasse friagem, pois saia cambaleando para tentar tomar água, a tigela de água era seu lugar preferido enquanto conseguiu andar ficava com a cabecinha recostada nela e a carinha dentro d’agua e com isso ia lambendo a água aos poucos.

Desde ontem não andou mais, por isso arrumei minha cama para nós, fiz uma “cama” mais alta para ele e deitei-me ao seu lado, estávamos cansados, são cinco dias sem dormir.

Deitei-me e fiquei conversando com ele, e ele segurava meus dedos com “força”, lhe contei uma porção de histórias, ou melhor, relembramos histórias então adormeci.

Iria levantar às 2h para lhe dar injeção, mas ele decidiu partir um pouco antes, e se foi ás 1h57minutos.

Estava cochilando de repente me sentei e passei a mão nele e vi que estava prestes a partir, quando o olhei começou a fazer um som estranho (nesses dois dias esteve em silêncio absoluto) percebi que a hora havia chegado, segurei suas patas e fui falando quase inaudível, vai querido, vai em paz, eu amo muito você e finalmente ele se foi em paz.

O fiquei olhando como se estivesse vendo um filme, sabia que a hora estava próxima, mas sempre achamos que podemos mudar as trapaças do destino. Amanhã (hoje) chegaria um remédio que traria um pouco de esperança, ele precisava fazer xixi, se fizesse teria uma chance.

Toda hora ia ver se havia feito e aproveitava para mudá-lo de posição. Mas não deu tempo, o tempo do tempo é muito diferente do nosso tempo.
O Antuak nunca havia saído do local onde viveu, quando o trouxe comigo para ser cuidado mesmo cambaleando e fraco andou pelo quintal miando, cheirando, “sentindo” tudo à sua volta, triste pensar que nunca pode correr por um quintal livre da dor e do sofrimento.

Resta-me um consolo, ao menos por meros minutos viveu livre em um quintal, sonho de seis anos de “prisão”.

Seis anos, jovem demais, estou sempre dizendo que vivem pouco, e vivem, mas o Antuak superou todos seus irmãos, viveu menos da metade dos seus irmãos que partiram.

Eu queria entender a “regra” do vir e ir deste mundo, o Antuak e seus irmãos chegaram a esse mundo de maneira cruel, chegaram em minha vida pelas vias do abandono.

Naquela manhã de setembro deparei-me com uma mãezinha e seus quatro filhos jogados dentro de uma caixa como lixo, ao seu olhar cruzar com o meu pedindo socorro, meu coração ouviu o chamado silencioso daqueles imensos e tristes olhos azuis, passei por cima de todas as dificuldades e os acolhi.

Foram momentos difíceis de medo, insegurança, mas de determinação, e nesses dias esses sentimentos afloraram quando eu olhava para o frágil corpo do Antuak, sem forças, olhar parado e distante e eu dizia: - você vai sarar você vai ficar bom.

Mas o destino é cruel, por mais que eu corresse contra o tempo para salvá-lo não consegui.

Durante esses longos e ao mesmo tempo breves seis anos, eu sonhava de olhos abertos, e os via brincando em um quintal felizes e em segurança, correndo atrás das borboletas, calangos pássaros etc.

Se de fato existe algo que “vela” por nós, gosta de brincar de esconde- esconde comigo, nunca permitiu que eles brincassem livres em um quintal.

Em meus devaneios, o Antuak sempre era o primeiro a sair correndo pelo quintal, pois tinha um espirito livre, tudo para ele era motivo de brincadeiras, uma pena o fazia pular e brincar horas com uma alegria cativante, eu o olhava extasiada.

Certa vez me disseram que eu gostava mais dele que dos outros, quem acha que se pode amar mais a um “filho” que aos outros não ama nenhum, amar vai, além disso.

Ficava às vezes mais evidenciado por ser alegre e amoroso sabia ser irresistível. Poucas pessoas os visitaram, porém, todos que os conheceram ficavam encantados com aquele gato gordo, de olhar cativante e que gostava de gente.

Ah! Antuak, quantas vezes eu sonhei em vê-los partir bem velhinhos, quantas vezes, fiquei pensando se viveria tempo suficiente para vê-los partir, pois a literatura diz que os siameses podem chegar a mais de vinte anos de idade, vivia calculando os anos para ver se havia possibilidade de estar aqui para esse triste momento, não imaginava que você partiria tão jovem e que deixaria mais essa dor em meu coração tão precocemente.

Envelhecer é acumular perdas, as materiais são transitórias as do amor e afeto são eternas.

Viver tem um preço muito alto, temos que ver quem amamos partir e ficarmos inertes e impotentes sem nada poder fazer.

Se existe algum lugar além deste mundo tão confuso, tão cruel em especial com os animais e especificamente com os gatos, espero que nesse momento você esteja correndo livre, em um mundo onde todos os seres têm direito a viver pela única razão de que se existe um Criador, somos todos um, não existe separação de raças, cor, espécie ou preferências desse suposto Criador e nesse lugar todos vivem em paz e harmonia, não há dor, abandono, maus-tratos, todos sabem que são um elo de ligação e todos vivem no amor e na partilha e com isso a vida flui, o Universo expande-se e todos se tornam de fato Um.

Não sei se isso existe, já acreditei, acreditei em anjos, mestres e que um dia a vida seria Una, hoje não tenho certeza de nada e o mais triste, me fica a sensação que somos meras peças de um tabuleiro de acasos, não faz diferença o quanto se ame ou o quanto seja indiferente com o sofrimento alheio ao final tudo sumirá como uma nuvem e nada restará.

Apesar das minhas incertezas quero continuar amando, sendo solidária, quero expandir meu coração para acolher os abandonados pela vida, em especial os animais, amá-los, socorrê-los não para ganhar um lugar em um céu imaginário, mas amá-los para tornar suas vidas em um “céu” na Terra, do que vale um suposto “céu” distante se na Terra o “inferno” é a lei para suas breves vidas.

Sejamos “anjos” e deus para todos os animais aqui e agora.
Não pude fazer tudo que sonhei para o Antuak, para sua mãe e irmão, porém, o pouco que pude fazer transformei nossas vidas em um céu de verdade.

Quando estava angustiada com a doença ou partida de seus irmãos, o Antuak se aconchegava ainda mais em meu colo, ele nunca conheceu esses irmãos, mas sabia que eu estava sofrendo por eles e fazia tudo para trazer paz para meu coração, então corria, brincava e me fazia sorrir.

Vida breve, breve dias, e agora só restam três, quando eu chegar naquele quarto daqui a pouco sempre faltará seu olhar e jeito brejeiro e vai doer, doer, doer, meu coração vai sangrar, mas tenho que prosseguir e continuar sonhando que posso tirar sua mãe e seu irmão da prisão onde vivem, você não consegui.

Eu gostaria muito de acreditar que vamos nos reencontrar e como aquela fábula da “Ponte do arco-íris”, você e seus irmãos, Juma, Uriel, Juca Raphael, Miguel Arcanjo e a Esperança estarão ao pé da montanha me esperando e nós correremos livres sobre a grama verde e leve esse encontro será eterno, sem separações, sem dor e sem sofrimento.

Desculpe-me não ter podido cumprir o que lhes prometi.

A primeira pessoa que conversei no dia, falei que era questão de horas para ele partir, porém, aguentou firme o dia todo e de madrugada se foi se foi no mesmo mês da Uriel.

O Antuak tinha a personalidade muito parecida com a da Uriel e no tempo em que ainda acreditava em “contos de fadas” eu me perguntava se não era ela que havia voltado para mim, ás vezes perguntava para ele, você é a Uriel? Ele me olhava com seus penetrantes olhos azuis como que respondesse que diferença faz? Estou aqui, isso basta.

E por ironia do destino sua doença e partida foi tão rápida como a dela, ele até deu sinais que podia estar com problemas por estar emagrecendo, porém, ela não deu tempo para nada.

O coração de quem ama percebe o perigo antes que ele aconteça quem não ama passa indiferente.

Por isso quando começou a emagrecer o levei ao veterinário, antes que a situação se complicasse, pouco adiantou, a doença e a partida do Antuak aconteceram coisas estranhas, encontramos veterinário indiferente que poderia ter mudado a história dele, encontramos veterinária “terrorista” que tentou colocar terror em minha alma, mas estávamos sendo ajudados por uma veterinária que ama animais e se preocupa com o paciente e o tutor.

Meu agradecimento especial a Dra. Andressa Mello que esteve presente mesmo à distancia me auxiliando profissionalmente e amorosamente, ontem ficou à minha “disposição” para tornar nossa vida menos triste. Gratidão Dê, você está sempre presente nas minhas perdas, me ajuda como excelente profissional que é e como amiga que cuidou dos demais que se foram por compaixão e amor. Sempre serei eternamente grata a você.

A Dra Andressa Mello assumiu o tratamento dele quando ainda havia uma tênue esperança de cura, tínhamos essa esperança, era jovem e forte, mas o destino é cruel até mesmo com os jovens e fortes.

Gratidão a Dra. Paula Ramos que ao ver meu desespero no Facebook também nos acompanhou carinhosamente.

Agradeço a minha amiga de todas as horas Cristiana Basan ( Procura-se Raja), já choramos tantas partidas, mas também já exultamos de alegria a cada conquista de cura em nossos filhos de 4 patas.

Gratidão a Sissi (MariaCecilia Melges de Carvalho) por estar comigo nesses dias de dor, mesmo á distância.

Gratidão a Cristina Altheia Bortoli que também esteve presente diariamente mesmo à distância.

Gratidão a Cidinha Morgão que abria todas as manhãs a janela para entrar ar e eles tomarem sol, eu e a Cidinha somos os humanos que ele mais viu em sua curta vidinha.

Agradeço a Vânia Marques pela ajuda e preocupação conosco, gratidão Vânia.

Agradeço a todos os amigos do Facebook que nos acompanharam e nos ajudaram orando, vibrando, mandando energias positivas e com isso tornaram nossa dor mais leve, nos fazendo sentir que não estávamos sós, em um mundo cercado de individualismo.

E finalmente gratidão ao Guilherme Franco que colocou telas na janela para eles viverem em segurança e nos ajudou financeiramente por muito tempo. Gratidão.

Acabei de enterrá-lo ás 18h30 embaixo daquela frondosa paineira onde estão o Miguel Arcanjo e a Esperança, está juntinho do Miguel.

*07-09-2011
+01-02-2018

História do resgate do Antuak e sua família

 “A morte nada mais é que uma despedida inesperada que não temos o poder de contestar ou evitar.”


Autor desconhecido

Últimos dias
Última foto já na madrugada do dia 01-02-2018
Último dia na Terra 31-01-2018
Pela manhã ainda com a sonda  31-01-2018
Com a sonda para alimentar-se 30-01-2018
Pela Manhã 31-01-2018
Sem forças nem para levantar a cabeça 31-01-2018
Ficava assim recostado na vasilha tomando água 30-01-2018
Olhos sempre abertos 29-01-2018
A tigela de água nos últimos dias era seu "porto seguro"
Ainda prestava atenção em tudo, antes do soro 29-01-2018
Ainda conseguia caminhar cambaleando 29-01-2018
Tomando soro na clínica 29-01-2018
Ainda no quartinho, começando a perder as forças 28-01-2018
Em minha cama ainda se sustentando sentado  28-01-2018
Comendo patê, eu dando na boca 26-01-2018
Emagrecimento acelerando 20-01-2018, já tinha ido ao veterinário em 19-12-2017 e também passado por retorno em 12-01-2018

Aparentemente bem, comendo graminha 20-01-2018
Comia, brincava não aparentava problema algum 20-01-2018
Parecia bem, só o emagrecimento preocupava 20-01-2018
07-01-2018
24-12-2017
Comendo com apetite 24-12-2017
De olho nos pássaros 19--12-2017
11-12-2017
26-10-2017
O irresistível gato gordo 26-10-2017
Família reunida no aniversário de 6 anos do Antuak e Raphael 07-09-2017
De olho no calango no muro 07-09-2017
Antuak e Raphael 05-09-2017
Uma bela família, meus filhos do coração 28-05-2017
Em plena saúde  27-06-2017
Antuak e Raphael 16-06-2016
"falando" com os pássaros 23-07-2015
Deitado em meu colo 29-05-2015
12-12-2014
Família reunida, de olhos nas pombas 18-01-2013
17-08-2012
Completando 1 ano de idade 07-09-2012
Me esperando na janela 02-01-2016
Antuak e Raphael  adolescentes  e  Lysnel no meio 28-01-2012
Antuak e Raphael, minha foto preferida 28-01-2012
Antuak e Raphael dormindo após a castração 17-04-2012
Antuak acordando após a castração 17-04-2012
Antuak, um gato entre livros 21-08-2012
21-08-2012
Minha foto preferida dele, Antuak com 4 meses 08-01-2012
Antuak deitado e Raphael 01-12-2011
Antuak e mamãe Lysnel  02-10-2011
Antuak, Raphael e Lis 27-10-2011
Apenas um bebê 16-10-2011
Dormindo em meu colo 13-10-2011
Antuak com os olhinhos ainda dependendo de muitos cuidados 06-10-2011
24-09-2011
Antuak, Raphael, Josie e Lis hora da mamada 24-09-2011
Vivia com os olhinhos fechados 24-09-2011
Com os irmãos Josie, Lis e Raphael 24-09-2011
Antuak, Raphael e Josie 24-09-2011
Criado dentro de uma livraria, dormia sobre os livros 29-10-2011
Hora do sono intelectual 29-10-2011
22-09-2011
Ainda na rua, Lysnel e seus filhos 07-09-2011
Ainda na rua 07-09-2011
Ainda na rua 07-09-2011, uma mãe heroína como centenas de mães do reino animal e mesmo humano.
Ainda na rua 07-09-2011
Antuak e Raphael, eles devem ter nascido na madrugada  de 7 de setembro de 2011, pois ainda havia placenta fresca na caixa, os jogaram na minha porta pois sabiam que eu iria acolhê-los, mas eu tinha tudo para não fazer  isso, pois não tinha onde abrigá-los.  07-09-2011