MEGG IN MEMORIAM
Quando eu fiz esse banner
eles estavam saudáveis e cheios de vida, eu não cogitava ao fazê-lo que
qualquer hora só iria restar a memória deles em meu coração.
A chamada morte me visitou
algumas vezes nesses últimos seis anos em que a Megg veio morar aqui onde moro.
Primeiro foi a Juma, a “morte”
rondou nossas vidas, lutamos, ela se afastou, mais depois a levou.
Depois a “vi” sentada na soleira da minha porta, por mais que eu me
dedicasse, ficasse 24 horas de vigília,
ela levou a Uriel em seus braços em uma semana, mas eu lutei não
entreguei a jóia rara da minha vida sem
antes lutar, mais ao final ela venceu, ela sempre vence.
Novamente, ela rondou
nossas vidas, mesmo antes da Uriel partir, ela sondou a vida do Juca, mas mesmo
presente manteve-se à distância por mais de três anos, nós lutamos
silenciosamente ela na sua “trincheira” e eu na minha, eu sempre a respeitei,
pois sabia que estava fazendo sua “tarefa”, mas apesar de respeitá-la, jamais
me intimidei diante dela.
Pois mesmo antes de
nascermos sabemos que um dia teremos de enfrentá-la, e que ela vencerá a vida
física, e finalmente mais uma vez ela nos venceu, ela fez sua tarefa sem
sentimentalismo, e saiu carregando o frágil “corpo” do Juca Raphael em seus
braços, mas eu estava presente, não tentei suborná-la, apenas o ajudei partir
em paz.
Tempos depois ela voltou a
nos rondar e o Miguel Arcanjo era seu alvo, essa foi e está sendo uma luta
árdua, mas ela está se mantendo à
distância, está me dando a oportunidade de desenvolver o amor incondicional, a
paciência, persistência, esperança, fé e compaixão a cada minuto, a cada hora,
a cada mês a cada ano.
Estou aprendendo a fazer
tratamentos nele que eu jamais sonharia fazer, que não sabia ser capaz, mas só
a força do amor nos move a fazer o “impossível” ou como costumamos falar o
difícil.
Ela fez acréscimos a sua
vigilância permanente na soleira da minha porta, pois além do Miguel Arcanjo
agora ela vigia a Esperança, mas nos tem respeitado. Mas está sempre atenta, se
somos capazes e se temos o coração aberto o suficiente para lutar sem tréguas,
sem preguiça, sem murmúrios.
Mas ela não desiste nunca,
afinal é sua tarefa, ela talvez seja o único “ser” (talvez energia?) que faz
seu “trabalho” muitas vezes silenciosamente, se aproxima e fica a espreita,
depois senta-se na soleira da porta,
quando ela senta, não se levanta sem carregar em seus “braços” o corpo inerte
de um dos nossos amores, seja ele humano ou não humano.
Ela chegou rondando de
mansinho, depois sentou-se, agora não na minha soleira, mas no meio do quintal,
e escolheu a Megg, a meiga cadela que já tinha passado por três tutores, e
finalmente veio morar na mesma casa onde moro.
Apesar de não ser tutora
dela, ela me adotou desde o inicio, com seus mansos e doces olhos me acompanhava
pelo quintal aonde eu fosse. Se eu fazia menção de sair ela me acompanhava até
o portão, ia me receber quando retornava.
Durante esses quase seis
anos de convivência ficou doente poucas vezes, nenhuma doença séria, mas de
repente começou a sangrar, foi ao veterinário e “sarou”.
Passou uns tempos e
começou a mostrar que não estava bem, pensava eu, deve ser por ter perdido muito sangue, conversei com o
veterinário e passou a tomar vitamina, estava estável, comendo, brincando,
“sorrindo”.
Mas de repente foi
perdendo as forças, fui cuidando, fazendo o possível para ajudá-la, mais ela
precisava de muito mais, iria ao veterinário hoje, mas não deu tempo.
Parecia que eu sabia o que
iria acontecer à tarde me sentei no chão e a coloquei no colo, e mesmo
sendo grande se aninhou em meus braços
como um gatinho, ficamos ali abraçadas um tempão “conversamos”, lhe fiz
confidências e promessas, mas infelizmente a dona “morte”, veio na calada da
noite e a levou, eu não estava presente, eu queria estar presente para ajudá-la
na passagem, mas ambas “morte” e a Megg escolheram ir embora sem minha
presença, em um rápido instante que sai, elas sabiam que minha presença iria
causar muitos estragos para mim, pois aqui é onde ainda tenho que viver.
Como eu já disse vi três
dos meus companheiros de jornada partir e não foi tão triste como saber que ela
se foi, pois ficou a sensação e a certeza que falhei com ela, que não a socorri
a tempo, falta de dinheiro ou de atitude?
Desculpe-me Megg...
Talvez, se eu tivesse
passado por cima de tudo não me acovardasse e tivesse pedido ao veterinário
para vir aqui como eu queria, mesmo criando mais problemas, você estivesse
aqui, talvez você tivesse uma chance.
Mas vai ficar mais essa
tristeza e pergunta enquanto eu viver, mas espero que um dia eu tenha
merecimento de reencontrá-la, até lá, dê lembranças para a Juma, Uriel e Juca
Raphael, e saiba, se falhei com você não foi por insensibilidade, foi por
fraqueza.
Megg
*16-11- 2008
+ 30-07-2014.