Hoje faz oito anos que a
Uriel se foi, outro dia uma pessoa me perguntou qual a razão de eu nunca falar
a palavra morte, se eu tinha medo dela. Eu não acredito na morte, pois só morre
quem não é amado.
A Uriel e todos seus irmãos
que se foram estão vivos em minha mente e no meu coração, posso visitá-los a
hora que quiser, pois a presença deles em minha mente é viva e pungente.
Escrevo para eles em suas
chegadas e partidas, já escrevia sobre suas chegadas antes do sucesso das Redes
Sociais, tenho dezenas de escritos sobre eles, da alegria de recebê-los em
minha vida.
Quando a Uriel chegou há
21 anos pequena e frágil eu já tinha internet, porém, não se tinha Redes
Sociais, escrevi vários textos sobre ela, assim como escrevi dos siameses e do
Júpiter, esses textos da era digital estão aí para todos lerem, já da Uriel,
Juma, Juca Raphael. Miguel Arcanjo e Esperança estão guardados nas pastas do
meu coração.
Anos depois o Juca “contou”
a história de todos e depois cada um contou sua história individualmente.
A Uriel se foi
abruptamente, assim como o Antuak, de alguma maneira eram muitos parecidos na
meiguice e na maneira de viver em harmonia com humanos e animais. Se de fato
eles voltam a Uriel voltou como Antuak e se forem a mesma energia, novamente
partiram de maneira abrupta e inexplicável.
Até qualquer hora minha
ratinha, gostaria de ter a oportunidade de ouvir seu miadinho de prazer ao
passar a mão em seu barrigão, de vê-la dormindo de barriga para cima como uma “sapinha”,
eu ficava um tempão lhe olhando enternecida. Gostaria de ao menos sonhar com
você (s)
“A morte não existe, a gente só morre quando nos esquecem; se puder recordar-me, estarei sempre contigo”.
Hoje faz dois anos que a Uriel, cruzou a ponte do arco-íris, foi mais ou menos neste horário. Cada animal tem sua individualidade e nos deixa lembranças profundas sobre elas, a Uriel foi a gata mais delicada e amorosa que partilhou a vida comigo. Até qualquer dia “minha” ratinha. *10-01-1998 +13-02-2011
De repente fico rindo à toa sem saber
por que
E vem a vontade de sonhar de novo te encontrar
Foi tudo tão de repente, eu não consigo esquecer
E confesso tive medo, quase disse não
Mas o seu jeito de me olhar, a fala (miado manso) mansa meio rouca (miado e
olhar tão meigos)
Foi me deixando quase louca já não podia mais pensar
Eu me dei toda para você. Durante 13 anos.
Ah! Uriel como eu gostaria de encontrá-la, nem que
fosse em meus sonhos.
Foi tudo tão de
repente, não deu tempo de salvá-la, ficou uma sensação de que falhei com você.
Passo horas olhando suas fotos e me pego rindo com sua
meiguice e delicadeza, rio das boas lembranças.
Mas de repente “sinto medo” de que não fiz tudo que
devia, encontro fotos onde seu olhar é triste parece que existe sofrimento
neles, se havia como não percebi, você nunca deu um mínimo sinal de que não
estava bem.
Mas para meu consolo ou mais dúvidas encontro fotos
muito antigas, onde aquele olhar distante e triste também estão presentes,
então eu fico sem saber se você sofreu em silêncio ou não.
Essa doença nos deu apenas uma semana, um tempo curto
demais para reverter uma doença tão devastadora, e ao final ela venceu, e
deixou essa sensação de incompetência.
Trago sua imagem em minha mente e coração, e sempre me
emociono demais ao me lembrar de você.
Hoje faz quatro anos que você se foi, e eu continuo
sofrendo como se tivesse acontecido hoje.
Eu sei que todos nós vamos um dia deixa nossos corpos e
partir, mas com você, não tivemos nem a chance de tentar.
Vou passar o resto dos anos que me restam, sempre
pensando se falhei com você.
Choro mais hoje do que quando você partiu.
Quando você deu o ultimo suspiro eu fiquei anestesiada,
foi como se estivesse vivendo em câmara lenta, e por mais de dois anos não
chorei, meus cabelos ficaram brancos em 15 dias, talvez por isso me emociono
tanto, pois o anestésico passou.
Se vocês voltam a viver nesse mundo e nos escolhem como
tutores, talvez você já esteja comigo, o Antuak é muito parecido com você, em
meiguice, amor e até em detalhes físicos.
Seja ele você ou não, não faz diferença substancial,
essa sensação de negligencia não cessa.
Eu só queria que você tivesse tido uma chance como o
Miguel e a Esperança. Mas foi lhe tirado tudo, só lhe restou sofrimento e dor.
Um dia comecei uma
homenagem assim: “Éramos seis, cinco gatos e um humano”. Novamente somos cinco,
quando escrevi esse texto já me conscientizei que a Juma era a primeira a
partir, porém, se eu vivesse veria os demais partirem, e assim aconteceu, a
roda do destino nos mostra que ela não para, ela segue seu caminho trazendo e
levando nossos amores, sejam humanos ou não humanos.
Primeiro foi a Juma,
depois a Uriel, o Juca e agora o Miguel Arcanjo.
Durante toda sua agonia,
toda sua história (nossa) passava em minha mente como um filme antigo, daqueles
em preto e branco.
Era um dia chuvoso e uns
seres das trevas o jogavam contra a parede como se ele fosse uma bola, ele era
apenas um filhotinho indefeso, quando o aninhei em meus braços todo molhado e
assustado meu coração transbordou de amor e compaixão por aquela criaturinha
frágil e ultrajada.
Não tinha condições de
adotá-lo, não tinha para onde levá-lo, havia perdido tudo de material, não
tinha trabalho, não tinha casa, não tinha dinheiro, não tinha “futuro”, porém,
não podia deixá-lo, e assim ele entrou em minha vida naquele novembro chuvoso.
Assim, como a Esperança
mais um para eu encontrar um adotante, uma família, ficaram escondidos em meu
quarto, a gente sempre acha que vai aparecer alguém que os adote, que lhes dê
uma vida digna, mas não apareceu, mas quando seguimos o caminho do coração
acontece alguma “magia” não apareceu ninguém e para nossa sorte, minha e deles,
ficaram, vieram encher minha vida de luz e de esperança.
Um mês depois me mudei de
cidade e trouxe na bagagem mais dois gatos a Esperança e o Miguel Arcanjo.
Até os oito anos de idade
o Miguel teve uma saúde excelente, nem pulga o danado pegava, era o caçador da
família. Foi o único que passeava pelos muros da vida, para meu desespero, como
tinha medo dos humanos não ia longe demais, ficava sempre por perto, no telhado
da Ruth Avelino da Costa e no quintal da vizinha cheio de animais, árvores e
plantas esse era seu deleite ficar caçando lá.
Apesar de ser doce e
amoroso, nunca perdeu o medo dos humanos, poucos o viram frente a frente,
bastava o toque da campanhia para que se escondesse.
Logo após completar oito
anos, começou a vomitar e a ficar apático, nos exames veio a sentença:
insuficiência renal, quando vi as taxas, pensei: não vai conseguir, pois a
pouco tempo a Uriel havia partido em uma semana com essa doença cruel. As taxas
dele eram quase três vezes maiores que as da Uriel.
Passado o susto, lutamos
juntos a cada minuto, dia, mês e anos juntamente com sua veterinária Drª Otília
Link, ele teve qualidade de vida por três anos e dez meses, com algumas
recaídas sempre mantidas sob controle.
Estávamos sempre na corda
bamba por saber da gravidade da doença, mas mesmo dentro dessa tensão
permanente, ele teve qualidade de vida.
Todos veterinários diziam
que era um milagre estar vivo, pois nunca haviam visto taxas tão altas em
gatos. Essa afirmação me fazia “correr” atrás de tudo para complementar seu
tratamento.
E assim, seguiram os dias,
meses e anos, mas tudo na vida tem um final nesse mundo físico, de repente ele
foi acometido por uma pneumonia, parecia estar curado, mais foram surgindo
outros problemas que mesmo com exames, não sei ao certo o que de fato
aconteceu.
Ele teve todo o tratamento
que se pode dar, não deixei nenhuma sugestão para atrás, tudo foi tentado
incansavelmente, porém, quando a chamada “morte” nos visita, ela não perdoa,
ela segue sua tarefa, sem trégua, sem compaixão.
Primeiro ela fica à
espreita, fica ao longe e aos poucos vai se aproximando, depois senta-se na
soleira da porta, ao sentar-se fica pacientemente esperando os momentos finais
dos nossos amores, sejam eles humanos ou não humanos, e só parte levando parte
do nosso coração com ela, e deixa apenas um corpo inerte, sem vida, muitas
vezes marcado pela dor e sofrimento final.
Assisti essa cena cinco
vezes em minha vida, a primeira foi um humano que partiu em meus braços, nas
outras foram meus filhos do coração, não sei se eles tivessem saído do meu
ventre doeria menos, a partida é igual, dolorida e misteriosa para humanos e
animais.
Desde a madrugada ele
estava muito mal, ao amanhecer já nem tentava caminhar, fiquei de sentinela ao
seu lado, não ousava sair de perto, horas antes de sua partida eu falei para
uma amiga que era questão de horas.
Aprendi a ler nos olhos
dos que partem que a hora final chegou.
Apesar de aceitar que
todos irão embora um dia, que não há privilégio para nenhum ser vivo deste
planeta, humanos, animais, árvores frondosas e seculares etc., não consigo
entender para que tanto sofrimento, em especial nos momentos finais.
Quando vemos um grande
amor partindo, rastejamos pedindo misericórdia, primeiro imploramos pela cura,
depois imploramos pela partida, de tão doloroso que é o processo, mas sempre
fico falando para mim mesma, é doloroso para você? Imagine para ele (s) que
está sofrendo essa dor e agonia.
E finalmente ele se foi,
depois de muito sofrimento, apesar de tudo, me sinto abençoada por poder estar
presente, segurando em sua pata, o ajudando a partir, para viver em outras
esferas, sem dor ou maus-tratos, e por ter cumprido minha promessa no dia em
que o adotei que enquanto eu vivesse que ele nunca mais seria maltratado.
Minha esperança e fé são
tão grandes de que exista a Ponte do arco-íris, deve existir um lugar assim, se
aquilo de animava aquele corpo e que chamamos alma partiu, deve ter um lugar
para viver para animais e humanos, e esse lugar tem que ser melhor e mais justo
para os animais domésticos e para todos os animais, em especial para os que
sofreram maus-tratos, naquele exato momento centenas, milhares de animais
também partiram, muitos pela sanha doentia dos humanos.
Ele partiu às 16:19
minutos, o sepultei embaixo de uma frondosa paineira às 22:00 horas, mais sua
alma está plantada dentro do meu coração, e não há homem e nada nesse mundo que
possa retirá-lo, mesmo além da vida física, eu tenho esperança que um dia vamos
nos reencontrar, ele já deve estar com seus irmãos, foram na frente para
preparar nossa “casa” definitiva.
Depois de tudo concluído
fisicamente fiquei olhando para aquele corpo inerte, como se, de repente fosse
receber um sopro de vida novamente, mesmo enquanto esperava chegar o momento
para sepultá-lo, sempre sepulto algumas horas depois assim como fazemos com os
humanos, parecia que alguma coisa ainda podia acontecer.
O Miguel foi agraciado com
um milagre no início da sua doença, mas milagres nos dias de hoje são raros.
Meu agradecimento a sua
veterinária que lutou bravamente ao nosso lado sempre, que tentou todas as
alternativas, e eu acredito sinceramente que ele conseguiu viver com qualidade
de vida por causa do tratamento com homeopatia, obrigada Drª Otília.
Minha eterna gratidão ao
Guilherme Franco que fez com que nossa luta fosse mais leve, sempre pronto para
correr ao veterinário conosco, muitas vezes deixando seu trabalho de lado,
esteve sempre a disposição para os exames mensais, além de ajuda financeira.
Meu agradecimento especial
a Andressa Mello, Dê minha gratidão eterna a você mais uma vez, mesmo distante
me acompanhou passo a passo as horas finais do Miguel, me dando orientações,
apoio e carinho.
Até qualquer dia guerreiro
Miguel Arcanjo, Malelo do meu coração, você não foi embora, fez uma viagem
longa, qualquer hora vou visitá-lo, dê lembranças a Juma, Uriel, Juca, Petita,
Joe, Bibi, Princesa, Lady, Tinão, Bebê, Nino e a Megg.